sábado, 12 de setembro de 2015

Reflexões sobre o livro "Nana, Nenê".


Alguns dias atrás soube através da minha amigaAdrielli Campos, da existência de um livro chamado "Nana, Nenê", onde é apresentada uma técnica para que o bebê durma a noite toda de forma "natural". 
Nesse livro, os autores apontam regras para que a mamãe controle sua ansiedade e consiga ter uma noite mais tranquila (acredito que mais para os pais que para os bebes). Entre as regras estão: Ser firme e forte, crie uma rotina, deixe a criança sozinha, deixe a criança chorando sem pegá-la no colo, etc.

Embora os autores tenham seus argumentos e tais regras consistem em toda uma dinâmica que acontecem como processo, lendo apenas um pouco dessas dicas já fiquei muito enojado! Um dos motivos é pelo meu gosto pela visão clínica do pediatra e psicanalista Donald W. Winnicott. Já de cara todas essas "dicas" vão contra a maior parte dos estudos que Winnicott desenvolveu através das pesquisas em atendimentos de bebes.
Seria muito mais fácil para cuidar de um bebe que a mãe, ao invés de procurar técnicas em livros, confiasse mais em seu "instinto materno" (estado subjetivo que Winnicott chama de “preocupação materna primária”). Não são os acadêmicos que ensinam uma mãe ser mãe. Claro que a ciência pode contribuir em muito para o bom cuidado dos bebes, mas nenhuma ciência supera esse estado que somente as mães conseguem vivenciar. Ainda assim não acredito que livros desse gênero possuam argumentos científicos confiáveis (isso se de fato apresentarem algum respaldo científico).

As técnicas descritas no livro "Nana, Nenê", embora não de forma clara, apontam que a criança é um ser que precisa se adaptar aos ritmos da sociedade, e não o contrário. São livros feitos para aliviar a consciência culpada de uma sociedade capitalista, que na busca desenfreada do consumo, esquece de cuidar das necessidades básicas dos seus pequenos. E assim tem acontecido. O bebe talvez não encontre tanto colo como antigamente, mas certamente logo terá os melhores brinquedos, mc lanche feliz, e em breve seu "smartfphone" numa tentativa de compensar nossa falta afetiva e empática.
Agora, imaginem que tipo de ser humano é gerado a partir de tais ideais? Um ser humano que precisa se adequar aos ritmos de sono dos adultos (cada vez mais atarefados pela rotina de um mundo competitivo).

Isso tudo é um crime!
Um crime contra infância.
Um crime contra as mães.
Um crime contra a sociedade.
Um crime contra o futuro.

Esse post não tem a intenção de ter respaldo científicos, embora sei que teriam muitos, mas decidi escrever um pouco para alertar as mães do perigo que existe em confiar nessa grande indústria que lucra com as questões da infância.
Como certa vez escreveu Winnicott: "O primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe: A sua expressão, o seu olhar, a sua voz.[...] É como se o bebe pensasse: Olho e sou visto, logo, existo!".

Fico pensando na angústia de existir, ou como existir em um mundo que cada vez mais afasta o olhar da mãe dos seus próprios filhos.